Avançar para o conteúdo principal

(Des)Ilusões

O maior desafio nas relações humanas parte da incapacidade das pessoas saberem e agirem em conformidade com o que querem.

Querem tudo, não querem nada e mais do que isso, esperam que no meio da indecisão, haja sempre alguém igualmente indeciso que os acompanhe na sua incapacidade de querer e fazer.

Para cada sonho, existe uma falta de vontade inerente para trabalhar e de sacrificar o necessário para construir uma estrutura sólida. Para cada desejo, existem desculpas que se inventam, prioridades que não se definem e tempo perdido em modo barata-tonta.

O mundo gira como se fosse tudo eterno, tudo remediável, num processo de desculpabilização e alheamento das consequências das suas acções. Ninguém se importa com ninguém, porque ninguém se dá o bastante para se importar. Famílias não se constituem, antes, fragmentam-se porque os seus elementos são incapazes de criar prioridades válidas.

Os país descarregam nos filhos as frustrações do que não foram, os filhos farão o mesmo aos seus. Os casais querem tanto juntos, fazendo tão pouco juntos, desconhecidos de si mesmos, em que tudo é prioridade fora o casal que julgam ser. Os homens querem namoradas, não mulheres; as mulheres querem filhos, não homens. Assim se criam núcleos de famílias que nunca o serão.

Hoje é um dia triste.

Virão outros que não o serão.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Sobre o Casamento e a Maternidade (parte 1)

Não sou casada e não planeio casar. Não sou mãe e não planeio ser. Nunca brinquei com nenucos, pelo menos não que me lembre saudosamente. Também nunca babei frente à loja de noivas ou sequer suspirei perante fotos de bebés gordos. Nunca fiz uma lista de desejos para o casório, muito menos imaginei um filho meu nos braços do meu marido, porque para isso seria preciso imaginar um marido, coisa que também não fiz. Tudo isto não faz de mim menos mulher, menos pessoa e não quer dizer que não goste de crianças, que seja má e tantas outras coisas que tanta gente diz a quem escolhe como eu escolhi. Por isso, porque estou nos 33, porque tenho muitas amigas que têm de lidar em modo repeat com as perguntas "então, já casaste?" e a "e filhos?" apenas para depois serem olhadas de soslaio, achei por bem falar sobre isto porque nunca se sabe se alguma mulher na casa dos trinta, que visite aqui o estaminé, possa estar a passar pelo mesmo.  Primeiro, vamos lá falar sobre

Sobre o Caso Ronaldo

Quem me conhece sabe que não sou uma Feminista. Posso até parecer, por considerações do público geral, mas não sou nem me considero. Sou, sim, indubitavelmente Humanista e muito orgulhosa de ser Mulher. Não aceito o conceito de sexo fraco e muito menos a sensação de impotência que muitas vezes vem associada à palavra " vítima ". Não defendo quem acha que todo o flirt é assédio, nem uso tshirts com hashtags porque para mim cada caso é um caso e tornar um acontecimento numa tendência e uma tendência numa certeza absoluta nunca levou nada a lado nenhum que representasse uma real e profunda mudança de comportamentos.  Nunca como hoje se falou tanto de violência sexual, mas apesar de nos inícios dos movimentos sociais que por aí andam, como uma onda de mudança, tanta coisa boa e válida se ter dito, parece que agora novas marés trazem lixo generalista , daquele que envenena as boas causas. Isto dito, espero que não surjam equívocos sobre o que vou falar. Do caso em si p

A Cusca Explica! #3 - O Mistério das Malas Femininas (part 2)

Olá malta fantástica! Continuamos a desbravar mistérios por aqui! Ora, antes explicámos um fenómeno quasi-mágico de como tudo cabe dentro de uma mala de mulher, mas agora falta explicar o grande mistério de para onde raios é que vão as coisas que nós enfiamos lá dentro?  Atire a primeira pedra quem nunca passou uns bons minutos a fazer uma fila atrás de si enquanto ansiosamente estava à procura do porta-moedas, ou do passe do metro? Quem não? Quem? Pois. Já para não falar daquele momento em que precisamos de uma caneta como se fosse água num deserto, sabemos que temos umas mil canetas na mala... MAS NÃO ENCONTRAMOS NEM UMA! E a que encontramos OBVIAMENTE  não escreve porque já está escondida na mala há para lá de uma década.  É desesperante.  Nada temam que eu estou aqui para ajudar! Portanto, digo-vos desde já que a culpa é do Harry Potter . O que vocês não sabem (porque eu ainda não vos tinha contado) é que o Harry era amigo colorido da Alice, aquela que foi ao País das Maravilhas.