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Quando chega o Outono...

...não são só as folhas que decidem cair, muitas vezes o nosso espírito rende-se à melancolia dos dias chuvosos, das noites frias e das chaminés fumegantes. E isso não tem mal nenhum se aprendermos que a melancolia é muitas vezes saudade de algo bom, ou um anseio por algo melhor.

Eu adoro o Outono. As árvores despidas fazem-me lembrar renovação, como a mudança da pena que tantas vezes temos de fazer para curarmos as nossas falhas e criarmos um manto ainda mais belo.

Gosto de ver as ruas cobertas de ouro e de ouvir a chuva na janela: é como uma praia, mas a areia é feita de folhas e o mar vem do céu. 

Gosto das malhas, dos casacos, das botas. Do conforto do corpo rodeado de texturas macias e quentes. A face corada das pessoas a sorrirem enquanto conversam, acompanhadas por um chá quente. 

Gosto da rotina da felicidade de um bom filme e um sofá. 

O cheiro das castanhas assadas, as mãos com a cinza do fogareiro e o estalar das cascas e o sal na língua. 

O Outono é a estação da alma, já dizia Nietzsche. Dá nos tempo para sacudir o pó do Verão e prepararmos o espírito para o Inverno; embala-nos na mudança dos seus ventos fortes e brisas suaves; mostra-nos que para crescer é preciso muitas vezes deixar cair as folhas velhas e secas, para que a chuva abençoe os rebentos férteis do Futuro.

Imagem retirada do Google




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